segunda-feira, 15 de setembro de 2014

[TACROOM] QUAIS SÃO SUAS CORES? - por Marcelo Utsch*




"Olá moçada, 

Resolvi abrir este tópico pra expor um ponto de vista meu sobre uma matéria que orbita nossas predileções - ou melhor - "paixões" sobre o militarismo e a simulação militar a qual buscamos sintonia.


Trato, portanto, dos badges que carregamos, seus simbolismos, peculiaridades, e como eles nos categorizam em meio aos demais.


Vou contar uma história que ilustra bem o que eu penso, e que na verdade mudou muito a forma que eu pensava:


Eu trabalhei no CETTAS (Centro de Instruções e Táticas), uma instituição privada de treinamento civil, mas com alguns contratos dentro de instituições do Governo estadual e até da União... pois bem, o proprietário é um experiente militar da reserva, ex-membro do KSK Alemão, unidade em que serviu por 08 anos, e, naturalmente, detentor de grande conhecimento na área.



Entre as fardas que eu usava no trabalho, havia um BDU Woodland onde eu fixei um badge do 5th American Army (em homenagem à unidade militar, sob o comando do general Mark Clark, que abrigou a FEB durante a campanha da Itália na 2a GM). Cara, eu achava o máximo o badge, porque pra mim ele representava algo importante feito pelos infantes do Brasil em um confronto histórico e altamente significativo, e ainda assim, pouquíssimo conhecido, até mesmo por aficionados pelo militarismo.


Badge do 5th American Army 



Um dia, o Alemão chegou até mim e perguntou: "O que é isso?" Segurando no bagde costurado na manga da gandola Woodland.


Eu naturalmente respondi: "É o badge do 5o Exército Americano, unidade que abrigou a FEB na Campanha da Itália..."


Ele retrucou: "Você serviu nessa unidade?"


Minha resposta não poderia ser outra senão: "Não"


E ele completou: "Então porque usa algo que não te pertence?"


E não falou mais nada... e nem precisava!


Depois disso, minha óptica mudou muito.


Entendi, ou pelo menos percebi, que por mais que apreciássemos os feitos, fatos, e objetos de outros, não tínhamos direito de uso sobre eles!


Percebi, que eu poderia sim prestar uma homenagem honrada à unidade, ou até mesmo à própria FEB, mantendo seu badge e suas cores em um quadro emoldurado, em um livro, em algo que me lembrasse deles e de seus feitos, mas que seu uso em meu corpo seria uma usurpação indevida de seu legado.


Depois disso, não mais usei nada em minhas fardas que não fosse de meu direito, e até me coloquei no lugar deles quando me indignei ao ver um camarada que eu nunca tinha visto antes usar um badge de uma Unidade de Resgate da qual fiz parte.


Sei que esse assunto vai mexer muito com o íntimo de alguns de vocês, mas entendam que essa foi a minha história e a minha percepção das coisas.


Hoje o GALOS DE BRIGA  (http://www.galosdebriga.net.br/) tem 03 Load-Outs: 


- Um de Operadores Militares, composto por fardamento Multicam ou Vegetato com indumentária Tan, VO ou Multicam, capacetes e afins


- Um load-out de PMC (Private Military Contractor), composto de calça Tan, camisa polo azul marinho, e afins


- Um load-out de Insurgente, composto de túnica marrom ou bege, calça Tan e adereços típicos


E nenhum deles contém qualquer badge ou identificação de nenhuma unidade militar, organização privada, ou similares que não seja identidades visuais criadas pelo time (exceto as Bandeiras de Minas Gerais e do Brasil).


Mais uma vez, aquele que compreenderem o que falo, agradeço a oportunidade de poder ter me expressado


Bom moçada, imaginem os senhores - cada um de vocês - se vissem alguém que não os é familiar, usando o Badge (distintivo) do seu time? Qual seria seu sentimento?"



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Este texto foi originalmente postado pelo Marcelo Utsch (por quem tenho grande apreço) em um fórum fechado há alguns anos, mas que de tão coeso e direto, fiz questão de trazê-lo para cá (com a devida autorização do autor, diga-se de passagem).

Marcelo Utsch* é um dos criadores do Galos de Briga (uma das equipes mais antigas do país!), e um dos responsáveis pela implementação da prática "REAL ACTION" no Brasil. Um cara que tem uma enorme bagagem, que enriqueceu (e ainda enriquece!) muito a prática do Paintball e o Airsoft em terras tupiniquins.

Não tenho muito a acrescentar, posso apenas dizer que concordo com tudo, e por mais controverso que seja o assunto, digo - de ante mão- que respeito as opiniões contrárias.

Força & Honra!

Aranha

4 comentários:

  1. Concordo em gênero, grau e número. Muitas vezes a afinidade e o sentimento de admiração é o bastante para cegar. Essa "usurpação" precisa de um empurrãozinho alheio pra que se caia as escamas dos olhos.

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  2. Comentário muito pertinente, Leo! A linha é tênue e as pessoas precisam ficar atentas!
    Abraço!

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  3. Como grupo de reencenação, temos uma linha muito tênue dentro do exposto.

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  4. Engraçado disso tudo, que presenciei algo muito parecido em um treinamento de selva que fiz voltado para o airsoft, um dos alunos estava com a manicaca do pelopes, justo um dos instrutores o havia feito realmente, e não deu outra, se não um belo "sermão" de moral. E como vemos por aí, operações especiais, policial civil e afins! Um texto muito pertinente, devemos honra-los, mas não desrespeitar o que fizeram e fazem por nós, nós não passamos por metade das coisas na qual esses guerreiros passaram. Devemos o máximo respeito!

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